domingo, 9 de agosto de 2009

A doce sina da espera por Danuza Leão

Você já reparou que os homens nunca esperam pelas mulheres? Não adianta: nós é que vivemos esperando, a começar pelos filhos, o que leva nove meses. É raro uma mulher, cuja profissão a obriga a trabalhar até tarde, ter um homem aguardando por ela em casa lendo um livro, com paciência e bom humor. Você conhece algum que pergunta se está cansada e se oferece para fazer um chazinho? Eu, não. Estamos tão acostumadas a ser cobradas por qualquer atraso que cinco minutos antes da hora já estamos prontinhas - tudo para eles não reclamarem. Só nos atrasamos - e por justíssima causa - em dia de festa, quando queremos arrasar. Dá trabalho - ah, isso dá, mas vale a pena. Costumamos correr do emprego para o supermercado, comprando o queijinho de que eles mais gostam e ainda tentando chegar em casa antes deles, e, quando não conseguimos, encontramos um homem de mau humor. Eu não conheço nada pior; e você? Eles não têm paciência porque não foram educados para isso. Os homens, como todo mundo sabe, chegam em casa querendo nos encontrar bonitinhas, lindinhas, e sem reclamar jamais. O suflê murchou? Ora, faz-se outro. Mas você, que é uma mulher moderna, acredita que os direitos são iguais e que pode fazer tudo que ele faz. Afinal, se ele chega e conta todos os aborrecimentos que teve durante o dia com o chefe, com o celular que quebrou etc. etc., nós também podemos. Experimente contar seus problemas com a faxineira que queimou a roupa na hora de passar, do homem que vinha consertar a máquina de lavar e não veio, e em duas semanas vai estar sem marido - e não diga que eu não avisei. É interessante essa coisa dos direitos; o universo espera, sempre, um comportamento diferente das mulheres. Afinal, nós somos mais fortes, mais inteligentes, mais doces, mais ternas, mais capazes de lidar com situações difíceis (somos mesmo), e faz parte da natureza feminina ter paciência, dar colo, compreensão, e esperar - quem não sabe disso? Mulher é assim: se um dia, depois de uma briga, ele telefona dizendo que precisam conversar, ela só pensa em uma coisa, na roupa que vai usar. E sai desatinada, na hora do almoço, para fazer uma escova rápida, as unhas das mãos e dos pés e uma depilação básica. Aí, começa a espera; se marcaram para as 9, às 8h30 ela já está com o coração disparado; às 9h15 já tirou o telefone do gancho umas 18 vezes para saber se está funcionando, e começa a achar que ele não vem. Afinal, quem ama não se atrasa. Às 9h30, já prestes a cortar os pulsos, jura - ju-ra - que se o interfone tocar não vai atender. Mas, quando toca, ela sai correndo, se arriscando a quebrar a perna no caminho. Pensando bem, não há nada melhor no mundo do que esperar pelo homem amado. Num período de 12 horas, somos capazes de passar por todo tipo de emoção: alegria, expectativa, angústia, raiva e ódio, até atingir a felicidade total, quando ele chega. Essas emoções só nós conhecemos, e cá entre nós: eles não sabem o que estão perdendo, coitadinhos.

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Adoro esse texto. Parabéns para Danuza e para Nat, que me passou todos os textos dela.

Um comentário:

Natalia Galbere disse...

Tirar o telefone do "gancho" para saber se está funcionando mesmo! Ótimo. É Danuza né?!