sábado, 4 de abril de 2009
BBB: Um suculento filé mignon em tempos de vacas magras
Aproveitando os últimos dias do BBB9, que bateu todos os recordes de ações de merchandising (os mais variados possíveis), publico abaixo texto de João Cláudio Lins, publicitário, escrito originalmente para o site NaTelinha:
Todo início do ano é assim: calor, recesso escolar, viagens e carnaval. Motivos suficientes para tirar o telespectador da frente da televisão. No verão, alguns programas têm sua audiência reduzida em mais de 30%, o que pode comprometer seriamente o seu faturamento. Diante desta evasão, comum nesta época, as emissoras começam a repensar suas grades. Reprisar os melhores momentos das atrações durante as férias dos apresentadores, por exemplo, tornou-se um luxo inadmissível. Os índices desabam, bem como as veiculações comerciais e as ações de merchandising. A ordem agora é deixar edições inéditas pré-gravadas. O público já não engole qualquer coisa, ainda mais com um dia de sol como concorrente.
Com orçamento reduzido e audiência em dispersão, as redes de TV têm que usar e abusar da criatividade para gerenciar formatos que ocupem a programação de forma econômica e lucrativa. A Rede Globo, por exemplo, interrompe, de janeiro a abril, a sua principal linha de shows. Nos anos 90 esta lacuna passou a ser preenchida com filmes e minisséries. Na última década, contudo, a emissora encontrou sua galinha dos ovos de ouro: um formato de reality show que revolucionou os hábitos dos telespectadores brasileiros. Assim nasceu o BBB, um suculento filé mignon em tempos de vacas magras.
Em sua nona edição, o programa já mostra sinais de desgaste. A audiência, na casa dos 35 pontos, permanece como uma das maiores da Rede Globo, mas bem distante das versões anteriores, que atingiram médias de 45. A surpresa é que, do ponto de vista comercial, será a mais lucrativa de todas, com uma receita recheada de cotas de patrocínio, merchandising, anúncios, espaços vendidos na casa, assinaturas de pacotes na TV paga, chat em telefonia celular, entre outros.
O Big Brother tornou-se um produto altamente rentável porque que investe em outras plataformas além da TV aberta: sistema Pay Per View (BBB 24h), programa na TV fechada (na Multishow), telefonia celular (para voto e obtenção de áudio dos participantes) e internet (portal Globo.com). Juntas, formam uma receita milionária, capaz de equilibrar o faturamento da emissora mesmo em tempos de crise.
O BBB tem seus méritos. Vive se reinventando. Destaque para os editores e os roteiristas, que criam enredos interessantes, como uma telenovela, com vilões, mocinhos e tramas paralelas. Um dos grandes apelos deste formato, contudo, está na possibilidade oferecida aos fãs de intervir nos rumos da narrativa. Assim, a audiência interfere na construção do produto a ser consumido e – pasmem – paga por isso. Seja pela ligação de celular, na qual a Rede Globo tem participação, seja gerando grande volume de acesso na página da internet, que é revertido em receita publicitária para a Globo.com.
Com relação ao conteúdo, o BBB abre amplas discussões para críticas, debates e discussões. No aspecto comercial, entretanto, o formato é unânime. Ele substitui cinco programas da linha de shows, com custo bem menor. Dá mais audiência e fatura muito mais. Explora outras plataformas, novas mídias e interage com o público. Talvez não seja uma diversão tão saudável e ética, que agrega conteúdo à família brasileira. No mundo dos negócios, entretanto, esses valores são apenas meros detalhes.
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Um comentário:
Concordo q comercialmente falando o programa realmente é ótimo. Sem dúvidas se reinventa e sabe aproveitar as plataformas q pode usar. No entanto, não acho q devemos esquecer os valores assim de vez...
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