segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Revelação: A novela que nasceu pra ser criticada



Após longos anos de parceria com a rede mexicana Televisa, o SBT cancelou o contrato com o intuito de partir pra produções próprias.

E ela veio. Depois de 13 anos, Revelação é a primeira novela 100% nacional da emissora de Silvio Santos. E para estrear esta nova fase, foi escalada Íris Abravanel, mulher do "patrão". Mas ela não foi bem escolhida, e sim se ofereceu. Silvio Santos deu a ela esta chance porque estava difícil tirar um autor da Globo ou Record.

Mas engana-se quem acha que Íris é novata na arte de escrever. Íris Abravanel é jornalista e trabalhou por muitos anos com Walcyr Carrasco - hoje grande autor da Globo - na Revista Contigo.

Depois de várias dicas do diretor de teledramaturgia do SBT, Íris começou a escrever a novela, com supervisão de texto do experiente Yves Dumont. Silvio Santos aprovou o texto e liberou uma grande verba, cerca de R$ 200 mil por capítulo, o que permitiu que Revelação ganhasse gravações em Portugal e Espanha.

A novela poderia estrear em junho, mas estreou em dezembro, mais precisamente no dia 8. Isso porque parecia que Silvio Santos não confiava muito no texto. Mas acabou estreando mesmo assim.

A trama é exibida de segunda a sábado a partir das 23h, acabando algumas vezes depois das 0h.

O primeiro capítulo foi decepcionante. Silvio Santos mandou editar e compactou o que era pra ser 6 capítulos em apenas 1. Uma edição maluca e rápida, com o intuito de apresentar todos os personagens. Ficou várias cenas amontoadas sem sentido algum. Coisa de amador, sinceramente.

A partir deste momento vários profissionais da imprensa desceram críticas pesadas à emissora. Mas o fizeram assistindo apenas o primeiro capítulo.

Após duas semanas de história, podemos ver uma edição bem melhor, "normal". O que o SBT continua pecando é na produção.

Iluminação pesada, com sombras, cenários que não parecem casa de verdade, alguns erros de continuidade e até falha de som.

Mas o que mais parecia que iria desagradar, surpreendeu. Os textos de Íris Abravanel, Yves Dumont e seus colaboradores é digno de elogios. Alguns clichês acabam escapando, mas no geral o texto é simpático.

Também podemos ver algumas boas atuações, como do experiente Flávio Galvão, da vilã Thaís Pacholek, de Tânia Bondezan, de Talita Castro, dentre outros. O ponto negativo é pra protagonista Tainá Müller, que não convence.

Revelação não é uma trama revolucionária. É bem água-com-açúcar, com algumas cenas bem fracas, mas já marca o retorno do SBT à teledramaturgia nacional.

Na última sexta, 19, a novela já entrou para história. Atingiu 10 pontos de média no Ibope, com pico de 16, inclusive alcançando a liderança por alguns minutos, em cima da grande Globo. SBT em festa.

Revelação, depois de 2 semanas no ar, continua full-time, ou seja, sem intervalos comerciais. Isso é ruim para a emissora, que não fatura, e também para nós publicitários, que temos um espaço fechado para veicular, e para acompanhar belos anúncios da propaganda nacional.

Mas isto faz parte de uma estratégia que SBT e Record costumam adotar. Deixam a novela por algumas semanas sem intervalo para os telespectadores não fugirem.

Recapitulando: Revelação é uma novela que traz o SBT de volta à produção de novelas, mas é uma novela mediana. Tem seus pontos altos e baixos, mas pode não convencer quem já é fiel aos folhetins da Globo.

Após o término de Revelação, o SBT pretende estrear Vende-se um Véu de Noiva, adaptação de texto da grande Janete Clair. Para esta novela, o SBT já mudou muita coisa.

Contratou um novo diretor de teledramaturgia que ganhou carta branca de Silvio Santos para mudar tudo que for preciso. O nome dele é Del Rangel, ex-Globo e Band.

Quem ganha com tudo isso é o mercado, com um novo campo de trabalho, ganha o telespectador, e ganha os publicitários, principalmente os da área de mídia, que agora têm um novo espaço para veicularem seus trabalhos.

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