Como dizia nosso amigo J. de la Fontaine, em nosso mundo existem as cigarras e as formigas. A sociedade é formada por trabalhadores que carregam o mundo nas costas e artistas irresponsáveis que apenas sobrevivem graças à misericórdia dos trabalhadores. De um lado os professores, advogados, médicos, engenheiros...e de outro lado os músicos, pintores, poetas, escritores de histórias, escultores, atores, e etc. No Renascimento Cultural é que começou a haver um certo acordo entre as duas partes, onde a arte passou a ser mais considerada, porém mesmo assim continuaram separadas. Nunca se viu um artista como se via um doutor em medicina. As formigas nunca na verdade precisaram das cigarras como as cigarras das formigas. Uma formiga vive sem a música, porém um músico não vive sem a formiga que se dispõe a pagar para ouvir sua música.
Porém nossos dias trouxeram novos raios de luz sobre essa realidade. A arte de certa forma começou a ficar cada vez mais necessária para as nossas formigas. Porquê?
É simples. O médico que era o grande médico começou a ter muitos concorrentes. O advogado que era o especialista começou a ver a ascensão de muitos "companheiros de trabalho". E como ser o melhor? Como ser a melhor formiga e não sucumbir num mundo de trabalho? Afinal, a seleção começou a ser cada vez mais intensa.
Surgiu uma resposta: o diferencial. Aquele que fosse diferente seria mais visto, teria mais credibilidade e seria mais procurado. Venderia mais. Mas....como ser diferente? Formigas não entendem nada de "ser diferente". Apenas fazem seu trabalho. Não é necessário ser diferente, pois seu trabalho é só pegar a folha e levar para o formigueiro. O máximo que podem fazer é ser mais rápidos do que os outros, mas no meio da multidão de formigas ninguém repara em quem é mais rápido. Então....elas lembraram de suas amigas cigarras. Artistas por excelência, que possuem sensibilidade para enxergar além do "carregar folhas" e percebem a personalidade de cada um, a identidade, a essência...o diferencial. Artistas enxergam o mundo de uma forma clara, diferente, e possuem a capacidade de extrair a essência de tudo e a beleza da vida.
As formigas, então, passaram a buscar o trabalho (agora trabalho) das cigarras para trazerem vida e diferencial às suas marcas. Foi assim que nasceram os publicitários.
Publicidade é a arte de extrair e tornar visível o que cada marca é. É claro que as cigarras e as formigas começaram a trabalhar juntas. As cigarras fazendo a arte e as formigas a estratégia de comunicação. Agências de publicidade possuem cigarras e formigas, e finalmente e fábula de J. de la Fontaine foi derrubada e uma nova história passou a ser escrita, onde formigas e cigarras se entendem e trabalham juntas, dependendo umas das outras. É lógico quem nem sempre e nem em todo lugar é tudo tão bonito assim, mas deveria ser. Portanto, seja cigarra ou seja formiga, faça bem o seu trabalho respeitando a arte e a estratégia e nunca deixando morrer a importância de cada uma.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
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Um comentário:
Esse texto é maravilhoso, assim como é maravilhoso ser publicitário. Acho que uma das grandes vantagens desta profissão é aprender a não apenas ver, mas enxegar as coisas, observar e aprender, sempre com a visão de um artista e um estrategista.
Grande post Jon, Parabéns!
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